Vai começar…
Como bradam os narradores no futebol – nada contra, tem espaço para todos os esportes e a vida é curta – vêm aí os artistas do espetáculo. Fabio Quartararo, oficial Yamaha e líder do Mundial de MotoGP, seu companheiro de Monster Yamaha MotoGP, Maverick Viñales, P6 geral neste 2021, Johann Zarco, da Pramac Ducati, P2 no Campeonato, Jack Miller, oficial Ducati, P3 no Mundial, Joan Mir, oficial Suzuki, P5 na geral, e Miguel Oliveira, vindo de 2 pódios seguidos, o mais recente de vitória e P7 no Mundial.
Senhoras e senhores, vai começar a oitava Coletiva de imprensa da temporada 2021. Sem a presença de Marc Márquez, que há uma década termina o domingo em Sachsenring no topo do pódio e a meu ver deveria estar no palco, afinal é ele quem defende uma longa invencibilidade na Alemanha. Ele igualou as 7 vitórias seguidas de Valentino Rossi em Mugello (de 2002 a 2008) e só perde para um piloto, o melhor piloto de todos os tempos e ilustre aniversariante de ontem, Gicaomo Agostini.
Mas com uma presença não tão surpresa assim, Fabio Di Giannantonio, confirmado na nova equipe Ducati Gresini junto com o campeão da Moto2 2020 Enea Bastianini, que deixa a Sponsorama Avintia no fim do ano.
Falta decidir o destino de VR46, será que para ou vai dividir a garagem da própria equipe com o irmão, Luca Marini? Mistérios do Planeta MotoGP, hehe.
O narrador oficial Steve Day faz o tradicional resuminho individual e lá vão as perguntas.
‘Prefiro levar essa situação na brincadeira, não teria sentido ficar aborrecido…’
Começando com Quartararo, sobre o que aconteceu na Catalunha. “Sim, foi uma prova estranha, na Curva 1 meu macacão, abriu completamente, na 3 joguei o protetor fora e tal. A penalidade veio 3 horas depois, mas prefiro levar essa situação na brincadeira, não teria sentido ficar aborrecido. Aqui é uma pista nova e espero que não aconteça o que houve em Barcelona. Esta pista é boa para a nossa moto, todas são, não gosto muito daqui, há dois anos estava bem de ritmo, mas acabei caindo na primeira ou segunda volta. Acho que nossa moto vai bem em todos os circuitos e estou ansioso para começar tudo de novo, quando acontece algo ruim na corrida anterior você fica mais ansioso começar um novo fim de semana, então estou ansioso para amanhã”.
Para Zarco sobre as quatro P2 em sete corridas e expectativa para Sachsenring. “Como sempre, começo pensando positivo. Para a imprensa esta pista não é a melhor para a Ducati, mas eu discordo, ela tem surpreendido e espero ir bem. estou feliz por estar aqui na Alemanha, vim de carro, foi muito bom viajar pra o norte da Europa, curtir o clima do paddock. Vou seguir pressionando pelo campeonato e estamos indo bem no momento”.
Para Miller, sobre as memórias da Alemanha há 10 dias com a vitória na M3. “Sim, ótimas lembranças, na MotoGP é diferente, mais perigoso, mas são boas memórias. Da última vez que estivemos aqui não fomos mal, Dovi Danilo e eu. Nosso equipamento melhorou, a GP21 pode surpreender aqui, a previsão do tempo é boa e espero que seja que nem há dez anos, acho que estou parado lá, hehe”.
Para Mir, sobre a vitória na Moto3 na e a boa estreia na Suzuki com P7 em Sachsenring 2019. “É uma pista que eu sempre gostei, muitas esquerdas, subidas e descidas, acho que a Suzuki pode ir muito bem aqui. em 2019 me senti forte, não muito, mas lutei com as Ducatis na corridas, gostei, espero ser forte para lutar pelo pódio e quem sabe vamos tentar a vitória”.
‘Estou confiante de que posso fazer um bom trabalho…’
Para Viñales sobre a P5 na Catalunha e os 2 pódios na Alemanha no passado “Na Catalunha fomos bem, no meio da corrida estava aumentando meu ritmo mas os pneus acabaram e não pude pegar o Joan. Aqui eu gosto muito, estou confiante de que posso fazer um bom trabalho”.
Para Oliveira sobre a confiança depois de 2 pódios seguidos. “Tenho confiança mas sempre mantenho os pés no chão, acho que nossa moto se adapta bem a vários circuitos, não estamos preocupados por não termos testado antes. Claro que estou motivado com os pódios seguidos, espero começar logo o fim de semana aqui e ver o que podemos fazer”.
Para Di Giannantonio, sobre voltar à Gresini e ter novamente Enea Bastianini como companheiro de box “Primeiro estou feliz por estar aqui pela primeira vez, é demais estar na MotoGP com esses caras, era o sonho de Fausto e meu, estar em alto nível na Moto2 e a seguir na MotoGP, ele deve estar orgulhoso. Mas continuo super focado na temporada, vou tentar mais pódios este ano, este é o objetivo, terminá-lo da melhor maneira possível. Acho que a primeira corrida depois da perda de Fausto foi emocional, mas nosso sonho é o sonho do nosso chefe Fausto também, fazer o melhor possível, ele deve estar orgulhoso por sonharmos com ele e vamos trabalhar para realizar o sonho dele da melhor maneira possível”.
Para Quartararo e Mir sobre como é competir contra Fabio Di Giannantonio.
Quarta: “No passado não ganhei muitas corridas de Fábio, o estilo dele é muito preciso, muito suave, o que é importante para a MotoGP. Em 2018 tive meu contrato confirmado nessa mesma altura da temporada, mas como ele mesmo disse, o caminho é continuar focado até o fim da temporada de Moto2. Na MotoGP o primeiro ano é curtir os testes, desejo-lhe sorte para se adaptar rápido à MotoGP, especialmente nas retas, haha.
Mir. “Tive boas lutas com Fabio no passado na Moto3, ele é suave e se posiciona muito bem sobre a moto, é muito preciso como Fabio disse, e também acho que o melhor pra ele é terminar bem a temporada e então se concentrar nos testes do ano que vem. A MotoGP é maravilhosa”.
Para os pilotos Ducati sobre o fato de a marca não vencer na Alemanha desde 2008.
Zarco. “Acho que isso não significa muito, como Jack disse, a moto está muito melhor, demos passos à frente e eu acho que temos que nos adaptar a essa pista, são muitas curvas, a Yamaha deveria se dar bem aqui, ela é a melhor nas curvas, mas Marc (Márquez) provou que um bom motor faz diferença aqui, então acho possível vencer”.
Miller “Claro, sempre há pistas mais favoráveis a essa ou aquela moto, mas não é tão ruim pra nós, as curvas são em como nas outras pistas, não há muitas mudanças de direção, uma linha sói, então acho que temos duas pistas muito diferentes pela frente, acho que fomos bem em 2019, como disse nós melhoramos muito e temos tudo para ir melhor este ano com a Ducati”.
Para Viñales sobre os testes da Catalunha “Sim, dei um monte de voltas, vindo de corridas ruins você tem que fazer isso para entender melhor a moto e ganhar confiança. O teste foi muito positivo; Sachsenring é uma pista onde o estilo faz diferença então vou tentar ir forte e rápido desde o TL1″.
Para Oliveira sobre o contrato para além de 2022. “Não tenho informações sobre isso, 2022 está resolvido e não tenho novas informações sobre o futuro, ele vai chegar”.
Perguntas de motojornalistas:
Para Quartararo, Mir e Johann sobre como bater a invencibilidade de Marc Márquez.
Quartararo. “Eu acho que ele vai estar lá. Ele tem 10 poles e 10 vitórias, então cho que ele vai estar lá este fim de semana. Pode não fazer a pole, mas vai estar lá, será rápido e estou tentando cuidar de mim, mas será um fim de semana importante para ele, um pódio ou vitória lhe darão um enorme ganho de confiança”
Zarco. “Acho que ele vai lutar pelo pódio, vencer não sei, mas com a vantagem que ele tem no passado… Ele foi bem no teste de Barcelona, com a lesão que ele tem você não deve demonstrar fraqueza, acho que algumas pessoas vão apostar nele, não pelo campeonato agora, mas ele vai ter isso em conta e vai lutar pelo pódio”.
Mir. “Acho que essa pista serve bem pra ele, pode não estar 100%, não sei se ele pode vencer, mas estará na briga pela vitória no domingo”.
Para Diggia sobre estar na Ducati em sua antiga equipe. “Andei de minimoto com Enea e vai ser bom estar com ele de novo. Eu tinha um sonho de estar na Ducati, por isso coloquei a foto com minha mãe numa delas hoje. Meu pai tinha uma Ducati e o destino me levou a ela na MotoGP, é realmente um sonho”.
Para Miguel, Joan e Jack, sobre a penalidade a Quartararo 3 horas depois.
Oliveira. “Quando as coisas acontecem no calor do momento, mesmo para a Direção de Prova é difícil. Não se sabe se foi erro do piloto, se ele abriu o macacão ou foi falha do material, era difícil, é discutível, mas não sou Diretor de Prova, então não posso julgar, é o que é”.
Zarco “Falei com algumas pessoas que são fãs dos franceses e eles disseram que não foi justo penalizar depois da corrida, mas pensando em segurança temos que fazer alguma coisa. Porém ele terminou a corrida sem cair, o que deveria ser levado em consideração. Fazer as coisas depois da corrida é pior, lembro de Anthony West, aconteceu algo parecido com ele, excluído pelo controle de doping. Quando eu estava na Moto2 em 2012 eu fui 6º e 5º dez anos depois da corrida, não mudou muito, porém acho que 3 horas não é muito, mas dez anos depois é muito depois, temos que pensar sobre isso”.
Miller. “É o que é a decisão demorou 3 horas, poderia ter demorado mais, é uma decisão da Direção de Prova, não tenho o que dizer sobre isso”.
Para Oliveira sobre o jogo Portugal e Alemanha no sábado, se vai mudar a visão dele da corrida. “Claro que não, haha. Se eles vencerem vou ficar feliz, se perderem vou continuar tendo que correr domingo do mesmo jeito, nada muda na minha vontade, mas desejo boa sorte a eles”.
Para Zarco, se as 8 Ducatis no grid beneficiam ou prejudicam. “Talvez sejamos capazes de tirrar proveito. Isso significa que a moto tem potencial, é a melhor moto da categoria e isso coloca pressão em nós. Devemos ter cuidado em mexer em algo e piorar as coisas, mas não acho que a Ducati vai cometer este erro. As motos são todas boas, mas a Ducati se destaca, então porque não”.
Para Quartararo e Zarco sobre a punição por exceder os limites da pista.
Quartararo: “Não conversamos sobre Barcelona, mas o que aconteceu em Portugal com Johann e Miguel, para mim é um pouco exagerada essa punição por exceder os limites da pista 2 ou 3 centímetros sem levar vantagem. Eu em Barcelona fui 0,7s mais lento naquele trecho, não afetou a segurança e perdi tempo, então achei exagerado, mas não trabalho na Direção de Prova. Para mim foi um pouco demais”.
Zarco. “No lugar deles talvez você tenha que tomar decisões rápidas, nao podemos julgar, tocou no verde, mesmo que não leve vantagem, vem a penalidade. Muitas vezes discordamos, mas eles são humanos, boas pessoas, alguns nem tanto, mas temos que aceitar as coisas. A mídia social é diferente, as discussões acontecem, essas decisões durante as corridas os levaria a posições ainda mais críticas”.
Miller. “É que nem no futebol, ninguém liga para o juiz, mas ele é necessário, a Direção de Prova é necessária, veja o que Veja o que aconteceu com você, se tivesse grama ali você teria perdido mais de 1 segundo (Quartararo concorda), veja o que aconteceu com Nakagami. Discutimos isso na Comissão de Segurança, pressionamos por isso, se não houver limites as pistas vão ficando mais e mais largas, mais perto do muro, mais inseguras. É que nem nas chicanes, quando havia grama ninguém emendava, mas quando chegou o asfalto as pessoas emendam 3 ou 4 vezes como em Jerez. Se não houver punição e você fizer isso leva vantagem no final. Regras são regras, você toca o verde. Claro que as coisas podem ser melhoradas, nós todos podemos, mas alguém tem que ser o cara mau”.
Quarta. “Acho que as últimas voltas da Moto3 mostram que as regras são totalmente estúpidas (Miller concorda), você viram o que aconteceu na corrida passada, ocá, regras são regras, para mim um segundo a mais ou amenos tanto faz, mas eles devem focar mais nas categorias menores, perdemos um cara há 3 semanas, há que se ter isso em conta”.
Para Miller, sobre as muitas Ducatis no grid que estão andando bem, se isso é bom ou rim.
Zarco. “Para mim essa é a chance de ter mais pilotos Ducati vencendo corridas, a relação entre Pecco, Jack e eu é muito boa, estamos felizes com isso. Pelo menos para mim tudo está indo bem, vejo isso como uma vantagem. Quanto melhor controlarmos nossa moto mais poderemos por 3 Ducatis na frente, ganhar muitos pontos; o espírito é elevado, não é apenas a Ducati, a discussão entre Jack e Fabio mostra que temos gente inteligente na MotoGP e que pensa as coisas bem”.
Miller. “Para mim é fantástico, quanto melhor irmos, mais apoio teremos, como Johann na Pramac agora. Para a equipe de fábrica isso é ótimo. Há pistas onde Pecco vai melhor, outras eu não vou tão mal, outras Johann, acho isso bom para a Ducati e bom para o Campeonato”.
Para Diggia sobre que número irá usar, já que o 21 é de Morbidelli. “Primeiro tenho uma proposta para Franco, ‘quer mudar seu número’? Claro que não vai funcionar, hehe. Tenho alguns números na cabeça; eu poderia usar o 4, o primeiro que usei no Mundial, mas acho que vou usar o 32 que meu irmão usou quando começamos a correr, mas Lorenzo (Savadori) já usa, então ainda não me decidi”.
Pergunta final, quando e como foi sua primeira corrida de moto em uma pista. Começando pelos mais jovens, para que os outros tenham tempo para se lembrar, hehe.
Quartararo: “Eu lembro, foi de PW50, com 8 ou 9 pilotos na pista, não sabia em que posição tinha chegado, acho que cheguei em primeiro porque estava sempre passando os outros, foi bacana. Mas me lembro também da minha primeira corrida na chuva e meu primeiro tombo, foram 3 tombos em 3 voltas, haha. A primeira corrida foi em Nice, eu tinha 4 ou 5 anos, acho que foi em 2005 ou 2006”.
Di Giannantonio. “A primeira corrida foi em uma pista perto da minha casa onde tinha um drive-in, de minimoto, acho que fiquei em 3º, mas fui penalizado e não subi no pódio, fiquei em 4º, olhando do chão, hehe”.
Mir “Eu comecei bem tarde, então foi em 2007 ou 2008, algo assim , e foi de minibike, não tinha pneus de chuva e começou a chover, em Mallorca não chove muito, foi o mesmo que em Le Mans, caí, hehe. Não lembro em que posição cheguei, lembro que não me machuquei, mas caí muito, hehe”.
Miller “Minha primeira foi em 2002 no motocross 250, tinha um salto duplo que ninguém da minha categoria fazia, eu fiz, caí algumas vezes, acho que terminei em 3º,eu tinha 7 anos. Eu quis voltar a correr mas não pude ir nas duas seguintes, porque meus pais queriam ir para a piscina no domingo”.
Viñales. “Minha primeira corrida foi de 65 aos 6 anos, mas a pista estava enlameada, não consegui terminar a corrida, mas foi engraçado”.
Oliveira. Minha primeira foi em uma pista de kart perto da minha casa. Eu lembro que estava tremendo de medo e perguntei ao meu pai como largar. Era uma 2 tempos de 70cc e ele disse para acelerar tudo, soltar a embreagem e ir em frente, saí empinando, caí de bunda no chão, levantei, caí de novo durante a corrida mas completei a corrida em P4, o que não foi tão dificil porque só tinham 4 meninos correndo, foi um grande sucesso, hehe”.
Zarco “Acho que tinha uns 9 ou 10 anos, em 2000, no sul da França foram duas corridas no dia, terminei a 2º em 2º, não lembro bem, lembro do cara na minha frente. Lembro de ter sido na mesma pista em que eu tinha andado um ano antes e um amigo me disse para tentar competir nas motos. Foi muito boa a minha primeira corrida”.
Foto para a posteridade, tradicional final das Coletivas de Imprensa do Mundial de MotoGP…
Um final nostálgico para uma conversa de alto nível.
Amanhã o papo é na pista, com a temível Curva 11, a ‘Cascata de Sachsenring’, à espera…
Braaaaaaaap!