Pesquisando sobre o tema, fiquei sabendo que o Dia do Motociclista – que acontece na próxima terça-feira, 27 – é uma data nacional, sem equivalente em outros países.
Há um consenso em relação ao Dia da Motocicleta, o World Motorcycle Day, que acontece em 21 de junho.
Aqui no Brasil a data marcou a perda de um mecânico sorocabano (de Sorocaba, SP) apaixonado por motos, Marcus Bernardi.
Ele era muito popular na região, e por conta disso, com o apoio da Associação Brasileira de Motociclistas – ABRAM, o ex-prefeito de Bauru – e então deputado federal – Alcides Franciscato propôs a data, aprovada em 1984.
Em 2002 a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou uma coleção de selos, com destaque para a Yamaha RD50 safra 1974, primeira moto efetivamente nacional, e a Yamaha YZF-R1, sonho de consumo de brasileiros e estrangeiros.
Essa é a origem. Singela, simples, despretensiosa. Porém de enorme significado para os que usam e apreciam as motocicletas.
Evitando recorrer a lemas importados para descrever a sensação ímpar que é pilotar uma moto, pensei em usar letras de músicas populares brasileiras para isso; afinal a data – assim como a Copa do Mundo foi – é nossa, e com brasileiro não há quem possa.
Já fiz algo parecido no passado, nos 30 anos do tradicionalíssimo Enduro da Independência – que em 2022 completa meio século de existência.
Convenci o meu chefe na época a pagar os direitos autorais e puder usar músicas do mestre Milton Nascimento no programa, e recorri aos vastos arquivos da TV para ilustrar o passado glorioso dessa competição.
Partindo das letras do Milton, a da obra-prima ‘Tudo que você podia ser’ meio que se aplica à decisão de compra de uma moto. ‘Com sol e chuva, você sonhava / Queria ser melhor depois / Você queria ser o grande herói das estradas / Tudo que você queria ser. Sei um segredo / Você tem medo…’
A família, amigos, namorada (o), te dizem que é arriscado e tal, mas aí você decide que é isso que você quer, que os perigos estão em toda parte, de moto, de carro ou a pé.
É nesse momento que você se sente como o Vital, dos Paralamas do Sucesso. Aquele que ‘andava a pé / E achava que assim estava mal / De um ônibus pro outro aquilo para ele era o fim / Conselho de seu pai / Motocicleta é perigoso Vital…’
Aí você compra a moto, que felicidade, como cantava a extinta Blitz nos tempos áureos.
E a trilha sonora volta para as Gerais de Milton. Com outra música e letra geniais. ‘Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada / Agora não espero mais aquela madrugada / Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada…
Com a moto – literalmente – nas mãos, amigo, não tem retorno, é encarnar mais uma obra-prima, dos – gaúchos – Engenheiros do Hawaii. ‘Você me faz correr demais os riscos dessa highway / Você me faz correr atrás do horizonte dessa highway / Ninguém por perto, o silêncio no deserto /Deserta highway / Estamos sós e nenhum de nós /Sabe exatamente onde vai parar / Mas não precisamos saber pra onde vamos / Nós só precisamos ir / Não queremos ter o que não temos / Nós só queremos viver / Sem motivos, nem objetivos / Estamos vivos e isso é tudo /É sobretudo a lei / Da infinita highway…’
Eu poderia traçar paralelas sem fim na água das ruas, nas curvas da estrada de Santos ou caminhando contra o vento, sem lenço sem documento, afinal quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Mas vou encerrar esse passeio com a graça e a simpatia do saudoso Luiz Gonzaga, dizendo que, independente do tamanho ou do estilo da motocicleta, ‘Minha vida é andar por este país / Pra ver se um dia descanso feliz / Guardando as recordações / Das terras onde passei / Andando pelos sertões / E dos amigos que lá deixei / Chuva e sol / Poeira e carvão / Longe de casa / Sigo o roteiro / Mais uma estação / E a alegria no coração…’
Viva o Dia dos Motociclistas!
Fausto Macieira
Imagens de moto – Gustavo Epifânio (B. A.)
Motociclista – Laner Azevedo